21.11.10

No terminal


Suas frases eram pontuadas com goles de Coca-Cola. Contava seus sucessos do mês nas televendas: já tinha reparado como a Flávia só consegue vender quando está perto da Cris? Bom... um outro mês, ela tinha superado as duas.

Era uma garota branca, de silhueta larga que ria largamente, expandindo para cobrir a timidez. O rapaz delgado sorria pequeno e seguro, o pé esparramado nas havaianas, oscilava ansioso, as pontas dos dedos mais brancas que o dorso.

Ele ouvia satisfeito o não-sei-bem-o-quê que ela dizia, sem desviar o pensamento para si próprio. Ele havia comprado um colar; ela achava que era bonito, sim.

Ele, então, ofereceu o cordão preto a ela. A garota se aproximou com um sorriso corado, envolveu o pescoço curvo dele e atou profundamente um laço, apertou um nó divertido. Nada podia ser somado à sua alegria.

As duas pontas estavam unidas, mas o gozo do momento do nó - que ilude todos a respeito da solução para as dores das almas do mundo - passou. Ficou só a felicidade que tinham soprado nos corpos um do outro.

4 comentários:

  1. adorei!1 :"nó - que ilude todos a respeito da solução para as dores das almas do mundo "

    achoi q terminais, e estaçoes sao grandes metaforas da vida. como diria maria rita: a vida passa passana estacao.
    e aquela voz do além falando dos possiveis problemas na linha...parece deus...

    ResponderExcluir